29 de julho de 2008

Furto irresistível...

Naveg.ante azul em mar de poesia d.i.n.stante

Antes do azul, há mar de poesia em cada instante...

Aos ventos e ventanias...


Cometi outro furto imagético, de um menino andarilho, que diz: Ao vento que passa e mal se sente...

Tenho saudade dos ventos que me ultrapassam...

Que há tempos não assanham meus cabelos e reviram meus papéis...

Aos poucos vou te sentindo em:

brisa...
vento...
ventania...
tufão...

28 de julho de 2008

Cleptomaníaca imagética...


Sou adepta a pequenos furtos imagéticos, não me arrependo, mas assumo-os.. a pena é menor...

Local de origem: http://www.conector.blogspot.com/

Quero ser verbo!


Quero ser!

Terminada, precisada em AR, em sER e assim IR...

Quero mudar-me em Tempo, flexionar-me em Pessoas , em Modo e Números , mas mesmo assim ser indepente de gênero...

Ser/Ter Radical, onde se concentra meu significado...

Viver no Presente do Indicativo
para revelar minha simultaneidade...

Assumir que tenho um Préterito Imperfeito, quando não concluo minhas ações do passado...

Que tal verbalizar meu Futuro do presente ou Futuro do Pretérito, em concordãncia com Sujeitos em Objetos?

Meu Modo Indicativo é falho, nem sempre indico meus sentires... seria tão bom exprimir minha idéias, idependente de outras...

Por isso, meu lado Subjuntivo aflora e
exprimo em geral idéias subjetivas, hipotéticas, fazendo sempre parte de uma Oração Subordinada ao outro.

Mas, como nem tudo é um Presente Mais-Que-Perfeito: Imperativa, exprimo ordens, pedidos e súplicas...

Enfim, que tal ao mesmo instante brincar de verbalizar-me Infinitavamente Participativa e gerundiando a vida?

Sou...




26 de julho de 2008

Devaneio bacante...

Uma noite, amigos e vinho: surge um devaneio banhado à Baco e poemas...
Quando? 02 de dezembro/2006, no Artemísia, Chico, Xuxu, Donda e Eu... sempre guardando os detalhes...
Eis alguns...


Pó ematização

A gente sente quando acaba
As mãos não gelam
nada se entrelaça.
volto a perceber o mundo ao meu redor.
No freezer, gelo.
No coração, um nó.
E eu em pó.

Ode a Tácia

Essa é a Tácia
que se entrelaça ao chão da praça...
Tácia às vezes é um olhar, um abraço que diz tudo,
um jeito meigo de criticar...
apenas um sinal, no meu ombro,
que seguramente não vai passar...
a Tácia é assim, liberta...
Talvez só uma janela aberta,
uma mulher à espera...

mudo mundo mudado

Eu falo, mas ninguém escuta... às vezes acho que as pessoas são surdas... ou mudas?

Eu falo, mas ninguém reage... Só me olham, gesticulam e continuam sua trilha.


Talvez seja uma nova forma de comunicação?

Ou será uma novíssima tecnologia, onde só olhares e gestos inaudíveis comunicam?

Uma pena, não entendo.


o mundo mudo
mudo o mundo
mudado e mudo


* Desenho de Guilherme da Quadra

25 de julho de 2008

Desvendando...


Atuar...


"Arte é uma forma de expressar o mundo"... Muitas vezes este é o meu discurso, mas até que ponto é uma verdade? É delicado, complexo este pensar, mas mesmo assim, quero ser pelo menos, pensante.

O que o teatro me faz e o que faço com ele?

Antes do fazer: desde pequena, ser artista me encantava...Queria também ser aquela aplaudida, admirada, perfeita, inatingível... ser a bela que cantava, dançava e sorria do mundo!

Acho que este encantamento ainda hoje me acompanha, mas sem tantas ilusões, porém ainda permanece o sonho de estar no centro do picadeiro entre perigos e aplausos , entre choros e risos.


Aos poucos a curiosidade e a vontade de brincar com meu corpo e com histórias me fazem ficar no pé das "tias" e ser figurinha marcada nas "festinhas" e "pecinhas"... A arte era um prazer, uma descoberta, um brincar...

Este é o sentimento que quero sentir sempre...


Adiante, realizava vários discursos para mim mesma... quantas aventuras vivi e sonhei solitariamente...


A curiosidade me levou a fazer teatro , a ver teatro, a ser teatro... jamais esquecerei o primeiro dia de aula com a Prof. Nara, ela fonte e nós sedentos... naquele momento entendi que o objetivo não era só saciar a sede, mas aprender a sentir o gosto... muito tinha/tenho a conhecer e aprender...

Aos poucos, fiz do palco minha vida e da vida um palco, ora protagonista, coadjuvante, autora, criadora, interventora, atriz, interatriz, INTEIRATRIZ...

Escolher, optar, renunciar, ter medo, assumir... um misto de sensações vividas constantemente...

Hoje amigos são
irmãos e partilhamos sonhos e desejos. Depois de anos, cursos, oficinas, espetáculos, aplausos e vaias atuar é...

Atuar é o desafio de manter o mesmo encantamento da infância, o mesmo brincar prazeroso e se equilibrar entre teorias, fundamentos e práticas... se equilibrar entre corpo e sentires, voz e entendimento, disciplina e brincadeira, verdade e mentira, vaidade e essência, expressar e calar, falar e agir...

24 de julho de 2008















MENINA PONTIFÍCIA
MENINO do oceânico jardim de pedras

O que fazer se não compartilhar sentires (senti-los),

espalhando-os além das linhas reais e concretas do viver (o nosso abstrato ser)

Seguindo sem atalhos, pulando PEDRAS e marcando o chão... (vou...Ar)

Meu pensamento é fluxo, água corrente, correndo (para o abundante mar)...

Tento agarrar sua abundância (ele esta com correntezas selvagens dentro de si), mas só me restam gotas nas mãos (gotas e linhas riscadas pela força da agua).

Enfim, pelo menos estou ensopada de idéias... (seque-se ao sol, pois assim as gotas aderem ao corpo)

Ele lisonjeado sorri!

22 de julho de 2008

Diálogo - Cecília Meireles



Minhas palavras são a metade de um diálogo obscuro continuando através de séculos impossíveis.


Agora compreendo o sentido e a ressonância que também trazes de tão longe em tua voz.


Nossas perguntas e respostas se reconhecem como os olhos dentro dos espelhos.Olhos que choraram.

Conversamos dos dois extremos da noite,como de praias opostas. Mas com uma voz que não se importa...

E um mar de estrelas se balança entre o meu pensamento e o teu.Mas um mar sem viagens.



21 de julho de 2008


sou feita do/pro belo? Sou feita do decifrável belo...
FOGO

Guardar - Antonio Cícero







Guardar uma coisa
não é escondê-la
ou trancá-la.





Em cofre não se guarda
coisa alguma
Em cofre perde-se
a coisa à vista

Guardar uma coisa é
olhá-la, fitá-la, mirá-la
por admirá-la, isto é,
iluminá-la ou ser por ela
iluminado

Guardar uma coisa é
vigiá-la, isto é,
fazer vigília
por ela, isto é, velar por ela,
isto é, estar acordando
por ela,
isto é, estar por ela ou ser
por ela.


Por isso melhor se guarda
o vôo de um pássaro
Do que pássaros sem vôos.


Por isso se escreve, por
isso se diz, por isso
se publica,
por isso se declara
e declama um poema:
Para guardá-lo:

Para que ele,
por sua vez,
guarde o que guarda:
Guarde o que quer
que guarda um poema:

Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que quer guardar.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Guardo este poema bem guardado, como o som de tua voz...

19 de julho de 2008

,

acordalevantabanhodentesroupas
pessoascomidabolsachaveruaônib
uspessoaslivrostrabalhotrabalho
almoçotrabalhotrabalhoponto
ônibuspessoasruaslarfomesono
dentesdormir...


Uma, duas, três... infinitas vezes minha vida roda mundo gigante gira, gira, gira ao redor do Sol, trezentas e sessenta e cinco vezes, me vejo entre altos e baixos, que não param de me entontecer...

acordalevantabanhodentesroupaspessoas
banhodentesroupaspessoas
roupaspessoas
pessoas
pessoa

?

Parei

Estático, interrompi meu giro e olhei... Finalmente Vi.
Alguém que jamais tinha visto, fizera meu mundo parar. Agora não fazia sentido girar. pra quê girar? Entontecer? Só conseguia abrir bem os olhos e olhar nos olhos daquele que me espiava.

ELE- Também parou.

Dois mundos agora pararam de girar. Duas voltas não seriam completadas. Ele e Eu, Eu e Ele. Olhávamos sem piscar, pra dentro da alma de nossos olhos. Buscávamos entender cada gesto, cada traço, marca.

EU- Tentava decifrar quantos giros tivera dado, pois alguns traços já acentuavam sua longa jornada.
ELE- Espiava meus sinais e cicatrizes, queria saber de minhas marcas e de minhas dores.

Fui sentindo uma enorme felicidade crescer dentro de mim... E neste instante, vi um largo sorriso dele se abrir...
Pensei: É a primeira vez que alguém pára seu mundo para me olhar.
Ele também parecia sentir o mesmo, seus olhos denunciavam tamanha alegria.


O silêncio era preenchido por nós, neste instante, não cabia nenhuma palavra ressoada, nem voz, nem gesto.

Por um momento, tive vontade de abraçá-lo, de agradecer, mas estático, só uma lágrima conseguiu rolar do meu olho direito. Ele , nessa hora, tentava dissimular a lágrima que rolava do esquerdo olho.

Lembrei de todas as voltas que dei... Mas nenhum momento comparava-se aquele.

Sempre girei muito rápido, atropelando sentimentos, falas, gestos, pessoas...

Enfim, parei e só sabia olhar. Tentava gravar em minha mente cada instante daquele, para jamais esquecer.

Mas, aquele silêncio ia me saciando dos vazios e me enchendo de vontades: abraçarbeijarfalarperguntarcalar.
Não sabia o que fazer e também notara a sua mesma indecisão.

Ambos, Ele e Eu, Eu e Ele, receosos e inundados de medo. Medo de perder o momento.

Por que sentíamos isso? Não sei, talvez por não existir uma sessão de "achados e perdidos" para os instantes. Então, não nos era permitido desperdiçar aquele precioso existir.

Respirei fundo – Ele também respirava, controlando a ansiedade- sorri para ele, que também me sorria. Sabia que deveria ir além. Mesmo temendo, levantei a mão e acenei, ele fizera o mesmo.

Pensei nos sentires indescritíveis que me tomara e que Ele também sentia.

Mesmo tremendo por dentro e com uma agonia na barriga, um bicho buliçoso, Eu, avançava os passos. Ele? Não recuava, ao contrário, seguia em minha direção, olhando-me bem nos olhos.

Eu imaginara sua voz, seu cheiro e como seria a maciez de sua pele.

Quando percebi, estávamos parados, centímetros, olhando-nos nos olhos, esperando, na menor distância entre dois corpos, porém ainda distantes, separados pelo receio de agir.

Decidi: Já que nossos mundos estão parados, então que possamos gira-los juntos, querendo deixar de imaginar sua voz, seu cheiro e como seria a maciez de sua pele,respirei pausadamente, ar nos pulmões, olhos cerrados, levei minha mão em seu rosto e Ele sua mão a minha face, sentíamos, nos sentíamos e agora o palpitante coração me fazia ver ...

acordalevantabanhodentesroupas
pessoascomidabolsachaveruaônib
uspessoaslivrostrabalhotrabalho
almoçotrabalhotrabalhoponto
ônibuspessoasruaslarfomesono
dentesdormir...

Círculos, espirais ou quadrados? Infinito..


Desde pequena, atenta ao mundo ao meu redoreu via circulso coloridas, que nunca soubera onde terminava ou começava...

Já jovem, os espirais me perseguiam, me colocavam de ponta cabeça, num fluxo contínuo de transformação. Hoje arredio cubículos, quadrados que me fecham em quatro paredes, em pares visões quadradas. Prefiro caminhar em um oito dormindo, um infinito imaginário, que me leva ao infinito...

16 de julho de 2008

Frase roubada de uma ladra de livros...







"A arte deve plasmar de tal modo os sentimentos que o homem descubra nela algo de novo, uma verdade mais humana e mais elevada" Vygotsky

7 de julho de 2008

À Espera...



Quando te espero fico chata.Ansiosa. Insistente. Medrosa...

Um ano em um segundo? Não, um segundo em um ano.

...Tempo, tácito,lento,gatuno...

... Mas, pacientemnete releio revistas, rou unhas, ajeito cavelos, espio pelo canto do olho, respiro dundo, sobreponho o olhar e continuo a esperar...

Certo momento, abstraio a angústia e me permito delirar em devaneios, hipóteses, criaçõies sobre você e essa espera.

Espero você de braços abertos e alma lavada ... Affff Quão clichê é a espera.

Espero que me vejas...
me vejas mulher ora menina,
me vejas menina ora mulher,
me veja sentir,
me veja querer...

Não, desculpa, mas não sou.

Não sou objeto inanimado, um cacareco, um brinde ou lembrancinha de festa esuecida na estante...

Muito menos estou a venda ou de vendas nos olhos.

As caras, carros, perfume, casa, seres ou egos de nada valem... Nada és e nada tens... Não, não sou só isso, só bunda, rostinhas, peitos ou olhos...

A mulher/manequim desta loja vida grita na vitine:

- SOU VIVA!!!!!!!! Tenho medo, dor, TPM, me depilo, vou ao banheiro, , esqueço aniversários, grito, xingo a mãe (dos outros), dou dedo, solto pum, durmo tarde, tenho espinhas, babo, nego esmolas, estrago água, sou ciumneta, acordo tarde, chego atrasada, troco nomes, finjo não conhecer, invento desculpas, sou egoísta, rezo baixinho, faço fofoca, adoro caretas, ouço bregas, como besteiras, bagunço minha cama, sou teimosa, exibida, quebro coisas, magou amores, esqueço amigos, não sonho, sou...

Mesmo exposta, à venda, nesta vitrine Mundo.

Espero.

Estou.

À espera

5 de julho de 2008

-



Me sinto como a última peça do quebra-cabeça - embaixo do sofá-

A cabeça da boneca preferida - solta no jardim -

O desenho pela metade - que ninguém terminou -

O último gole de café - que esfriou -


Última página do livro - não lida -


Relógio parado na estante - sem pilha -


Lugar esperando um sentador - vazio -

2 de julho de 2008

Uno






Desde o primeiro fluxo de vida lutamos para ser um...
Entre milhões... Somos aquele(a) que alcança o tão esperado óvulo materno ... Salvo excessões, quando 2,3 ou mais tem que dividir o mesmo ventre, os mesmos carinhos e crescem tentando manter-se UM, iguais, porém UM SÓ, únicos. Viver é enfrentar uma dicotomia: ora ser UNO, única, que ilhada fortaleço o meu ser; e ora ser UNO, pois eu uno-me aos outros, uno o mundo. Uno e DesUno